Os Retornados
Portugueses abandonados à sua sorte.
Nunca foram ressarcidos de tudo o que ficou para trás, nem foram recebidos de braços abertos.
A mim coube receber meia dúzia de cadernos, algumas esferográficas, lápis e borrachas, para apoio alimentar, durante 2 ou 3 anos, na escola recebi, diariamente um sumo ou leite, 2 paposeco e 1 pacotinho de doce ou manteiga.
A História esqueceu os 500.000 portugueses que fugindo a uma guerra civil, nenhuma humanidade, compaixão e verdadeiro apoio, em especial às crianças que como eu com 10 anos regressei ao meu país, fugindo à morte e como tantos outros sentimos que éramos estrangeiros indesejados no seu próprio país.
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Meio milhão de pessoas a fugir da guerra, a maioria nasceu em Portugal, abandonados à sua sorte.
Eu com 10 anos, em 1975 nunca ninguém me deu um par de tênis, uma escova e pasta de dentes.
O IARN, era um apoio de integração do Estado Português aos retornados. Na escola íamos para a fila receber um pacote pequeno de leite ou sumo, um paposeco e uma pequena embalagem de doce ou manteiga, e duas ou três vezes por ano uma esferográfica, lápis e uma borracha.
Algumas funcionárias dava de mau humor e desagrado, muitos dos outros alunos/crianças gozavam e diziam que estávamos a enganar o Estado e a roubar o que era pago pelos pais deles.
Os portugueses foram obrigados a fugir à guerra civil de um país abandonados pelo Estado Português e muito mal recebidos pelo povo e muitos dos seus familiares. Nunca tiveram verdadeiro apoio, nem qualquer ressarcimento de tudo o que ficou para trás.
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